De vez em quando, passa-me pela cabeça uma lenga-lenga assim: é frequente Viktor Logic dizer assim: é frequente Viktor Logic pensar assim: é frequente Viktor Logic sonhar com pessoas que constróem escadas de papel que chegam a todo o lado. Viktor Logic, se existe não sei, mas como há um assaltante de bancos que é meu vizinho, acho que pode perfeitamente chamar-se assim. Viktor Logic é nome de assaltante de bancos.
Ele encontrou-me na rua e perguntou-me se gostaria de lhe escrever um recado num post-it cor-de-laranja. Por que não? Convidou-me para jantar e disse que logo levaria o post-it e que não me esquecesse da caneta. Ok, combinado. Às tantas horas em tal parte.
Gosto de meias de rede, por causa das marcas que deixam no meio da coxa.
A pontualidade estraga o clima. Não vale a pena evitar os saltos altos.
Jantámos num restaurante proto-chique, em tal parte, daqueles que têm uma passagem secreta por baixo de cada mesa. O post-it cor-de-laranja em branco, desafiador, por cima do guardanapo de pano. Escrevi assim:
«O maior perigo é a câmara que está colocada do lado direito de quem entra, apontada para a porta e que apanha toda a parede a partir dos 60cm. Tens que passar de gatas, à entrada e à saída. O resto é canja, sabes fazê-lo melhor que a minha melhor instrução. Privilegia as notas, não fazem barulho. Não te esqueças de verificar o estado dos bolsos. No final, desces a escada de papel a seguir ao 5.º candeeiro. Quando chegares apaga a luz. Não te demores, hoje pus as meias de rede, aquelas que deixam marcas no meio da coxa.
Beijo.
Da tua,
R.»
Acabámos de jantar e saímos pela passagem secreta da nossa mesa.
Chegou cedo. Apagou a luz.
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