20 julho 2007

Desconstrução #5 De volta a Kees Popinga



Naquele dia fá-lo-ia. Recapitulando: esperaria pelo cair da noite e, após a sétima das dez badaladas da Igreja Central, pôr-se-ia a caminho e fá-lo-ia. As razões para este planeamento tão minucioso não tinham a ver com qualquer necessidade especial, mas, apenas, com o facto de estar convencido de que se se concentrasse num plano mais preciso, evitaria as hesitações das vezes anteriores em que, em vão, tentara fazê-lo. Naquele dia, porém, não haveria lugar para hesitações. Fá-lo-ia. Com a maior das convicções e com a mais sólida das friezas. A quem ainda pudesse pensar que, como das outras vezes, soçobraria no último instante, responderia que pouco lhe importava o que pensavam. Fá-lo-ia. Divertia-se pensando nas dissertações que se produziriam a propósito das supostas razões pelas quais o faria. Sabia que nunca compreenderiam, porque, pura e simplesmente, não dispunham de quaisquer condições para compreender.

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