31 julho 2007

Passatempo



O colectivo que gere o Cabaret Voltaire decidiu entrar, definitivamente, no circo dos lazeres e proporcionar aos(às) noss@s dedicad@s e bem-comportad@s frequentador@s alguns momentos de boa disposição e sã competição. Assim, propomo-vos um passatempo. Como o próprio nome indica, um passatempo serve para passar o tempo, pelo que, seguindo as boas práticas da ideologia do espectáculo, aparentemente, não haverá vencedores nem derrotados. Por conseguinte, não haverá, aparentemente, qualquer prémio neste passatempo. Pela sua própria natureza, a participação no passatempo não deverá implicar qualquer perturbação da agenda quotidiana habitual, devendo apenas acontecer quando mais nada de útil haja a fazer. Para participarem no passatempo, deverão colocar-se de pé e executar os seguintes passos:
1 – Encolher a perna direita;
2 – Tapar o olho direito com a mão esquerda;
3 – Grasnar como um pato durante 20 segundos.
O espaço de aplausos deste post terá todo o prazer em receber os relatos das vossas experiências fabulosas de passagem do tempo.

NM#NG#RM

27 julho 2007

Sub-vida #5 Operação Stop


Acesso da Auto-Estrada à entrada da cidade. Domingo, 9h30. Uma operação stop detém a marcha a um automobilista.

Polícia – Bom dia.

Automobilista – Bom dia, Sr. Agente.

P. – Os seus documentos e os documentos da viatura.

A. – Aqui estão.

P. – Tem consciência do que fez para que o mandássemos parar?

A. – Não, Sr. Agente.

P. – Percorreu 2 Km da Auto-Estrada a uma velocidade média de 125 Km/h, quando o máximo permitido é de 120 Km/h.

A. – Peço desculpa, mas não reparei. Penso, em todo o caso, que não se trata de uma falta assim tão…

P. – As desculpas não se pedem, evitam-se. O seu comportamento foi totalmente inaceitável à luz da Lei e da ética automobilística. Fica a saber que incorre numa multa de 600,00 ???* e que vou, de imediato, redigir o auto.

A. – Mas, Sr. Agente, peço-lhe por tudo que perdoe a minha postura altamente reprovável… Esse valor corresponde a 120% do meu ordenado… Por favor, peço-lhe, não me desgrace a vida.

P. – E não teria sido melhor ter pensado nisso antes de adoptar um comportamento assassino ao volante de um automóvel?

A. – É verdade que sim, mas…

P. – … mas…?

A. – … mas prometo-lhe por tudo que não voltará a acontecer. Dou-lhe a minha palavra de honra.

P. – E o que é que poderá levar-me a acreditar no que diz?

A. – Sou um cidadão exemplar e pacato. Trabalho, tenho família, pago os meus impostos, vejo televisão, frequento o centro comercial, vou à missa e educo os meus filhos no mais rigoroso espírito cristão. Sou um homem recto e honrado.

P. – Muito bem, vou então fechar os olhos desta vez, mas terá que assinar um documento em que assume o seu repugnante comportamento anti-social e solicita que o Estado, por meu intermédio, seja condescendente consigo. (estende o documento)

A. – Concerteza, Sr. Agente, concerteza. (assina o documento) Aqui está, Sr. Agente.

P. – Pode seguir, mas lembre-se do que me prometeu, porque estaremos de olho em si.

A. – Pode ficar descansado, Sr. Agente. Agradeço-lhe do fundo do coração.

P. – Bom dia.

A. – Bom dia.


* Para não afectar a estabilidade dos mercados cambiais, ocultou-se a unidade monetária em questão.

25 julho 2007

Última hora #5 Tsunami no resort de São Torpedo



O resort de São Torpedo, o mais luxuoso do sul do país, acordou esta madrugada sobressaltado. Entre as 4h e as 4h30, um poderoso tsunami cresceu a partir da piscina principal do aldeamento e abateu-se violentamente sobre o imenso jardim que circunda os bungalows. De acordo com o testemunho de um elemento da segurança do resort, pouco minutos após as 4h, começou a formar-se uma espessa névoa azulada sobre a piscina, que, agora se julga ter-se tratado de uma nuvem de cloro. Não adivinhando a tragédia que se seguiria, o referido elemento da segurança, ficou surpreendido com tão estranha ocorrência e manteve-se em alerta a partir do seu ponto de vigia. Foi em pânico que, passados alguns instantes, viu a água da piscina começar a baixar para, pouco depois, se formar uma onda com cerca de 1 metro de altura que alagou todo o espaço em volta. «Apesar de ter dado imediatamente o alerta, foi tudo muito rápido e não havia nada a fazer», afirmou o elemento da segurança, que preferiu manter o anonimato. Embora não se tenham registado vítimas humanas, dado que todos os hóspedes do aldeamento se encontravam nos bungalows, os prejuízos materiais foram enormes. Em declarações ao final da manhã, o gerente do resort lamentou «a perda irreparável de dezenas de espreguiçadeiras e de colchões insufláveis e a destruição completa de diversos canteiros». Entretanto, os hóspedes do aldeamento foram já distribuídos por outros resorts da região e foram ressarcidos dos valores que haviam pago pelas suas estadias. O resort de São Torpedo fechou para obras, não havendo previsão para a data da sua reabertura.

20 julho 2007

Desconstrução #5 De volta a Kees Popinga



Naquele dia fá-lo-ia. Recapitulando: esperaria pelo cair da noite e, após a sétima das dez badaladas da Igreja Central, pôr-se-ia a caminho e fá-lo-ia. As razões para este planeamento tão minucioso não tinham a ver com qualquer necessidade especial, mas, apenas, com o facto de estar convencido de que se se concentrasse num plano mais preciso, evitaria as hesitações das vezes anteriores em que, em vão, tentara fazê-lo. Naquele dia, porém, não haveria lugar para hesitações. Fá-lo-ia. Com a maior das convicções e com a mais sólida das friezas. A quem ainda pudesse pensar que, como das outras vezes, soçobraria no último instante, responderia que pouco lhe importava o que pensavam. Fá-lo-ia. Divertia-se pensando nas dissertações que se produziriam a propósito das supostas razões pelas quais o faria. Sabia que nunca compreenderiam, porque, pura e simplesmente, não dispunham de quaisquer condições para compreender.

16 julho 2007

Aforismo imoral #8


Face à dominação totalitária da vida quotidiana pelos mecanismos ocultos do sistema, o único poder que reconhecemos é o da poesia produzida nos becos esconsos, nos edifícios ilicitamente ocupados e nos basfonds clandestinos.

Sub-vida #4 Briefing semanal com funcionários da Sondex, SA


Sala cheia. Várias pessoas em pé, por falta de lugar sentado. Apenas o Responsável de Equipa tem direito a usar da palavra.
Bom dia a todos. Durante a semana que passou, ficámos a 2,5% de atingir os nossos objectivos semanais. Como sabem, cada um de vós deve conseguir fazer 15 contactos telefónicos bem sucedidos por hora e tal não aconteceu. Analisando as vossas folhas comportamentais, facilmente compreendemos as razões do sucedido. Apresento-vos alguns dados dessa análise, para que reflictam sobre o vosso desempenho:
1 – Em média, chegaram 3 minutos atrasados;
2 – A média da pausa horária foi de 5.37 minutos, quando não pode ultrapassar os 5 minutos;
3 – A duração média dos contactos telefónicos bem sucedidos foi de 3.22 minutos, quando não pode ultrapassar os 3 minutos;
4 – As trocas de turno, que tão benevolentemente temos permitido, levaram a que nos 2 últimos domingos estivessem, no máximo, apenas 12 pessoas a trabalhar;
5 – Por má utilização dos equipamentos, houve, em média, 13 minutos por dia de interrupção do trabalho.
Estes números falam por si. Espero que façam um esforço para entender que esta situação não poderá mais ocorrer. Assim, e de forma a evitar que estes resultados se repitam, vimo-nos forçados a rever os objectivos para esta semana e a definir regras de compensação do mau desempenho durante a última semana:
1 – O objectivo para esta semana sobe para 17 contactos bem sucedidos por hora;
2 – Todos terão que começar 4 minutos mais cedo do que o horário habitual;
3 – As pausas horárias serão apenas de 4.15 minutos;
4 – A duração dos contactos bem sucedidos não poderá ultrapassar os 2.50 minutos;
5 – Ficam proibidas quaisquer trocas de turno;
6 – Cada interrupção de trabalho por má utilização dos equipamentos será descontada nos vossos salários.
Se, mesmo assim, não atingirmos os objectivos nesta semana, ver-nos-emos forçados a reduzir o pessoal, de acordo com uma ponderação do comportamento individual.Espero que tenha sido claro. Dou por terminada esta reunião e desejo-vos um bom trabalho.

07 julho 2007

Última hora #4 Borbulhas cor-de-rosa atacam deputados



Uma bactéria desconhecida, que invadiu a cozinha do refeitório do Parlamento Nacional, provocou o pânico nos deputados, que assistiram, durante a tarde de hoje, à transfiguração os seus corpos, com a erupção de milhares de borbulhas cor-de-rosa, da cabeça aos pés. Segundo afirmaram diversos deputados, as borbulhas provocavam uma indescritível comichão e cresciam sem parar. De tanto se coçar, dezenas de deputados tiveram mesmo que ser transportados sem roupa e em carne viva para o Hospital Central, onde ainda se encontram, em estado considerado grave. O Director do estabelecimento de saúde, em comunicado à imprensa, apelou à serenidade e rejeitou qualquer alarmismo, assegurando que «embora não tenhamos ainda um antídoto eficaz para a bactéria, estamos a trabalhar afincadamente para o produzir dentro de algumas horas». O comunicado afirmava ainda que «não temos razões para achar que a bactéria possa ter invadido outros locais, para além do Parlamento Nacional.» O líder do PME (Partido Mais à Esquerda), que, por ter chegado ao hemiciclo depois da hora do almoço, escapou à epidemia, exigiu, entretanto, a demissão do Presidente do Parlamento Nacional, visto que «alguém terá que assumir a responsabilidade política por uma situação de que ainda se desconhece a gravidade em toda a sua extensão.» Embora sem certezas, os serviços de inteligência desconfiam que possa ter-se tratado de uma operação de sabotagem terrorista.

Desconstrução #4 Até explodir



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Smack Smack Smack Pás Uhm Smack Smack Ahm Smack
Smack Ahm Smack Smack Pás Ahm Pás Uhm Smack Smack
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Pás Pás Uhm Smack Smack Smack Ahm Uhm Pás Uhm Smack Smack Pás
Uhm Uhm Ahm Smack Smack Smack Pás Ahm Ahm Smack Pás Ahm Smack
SmackSmackPásPásAhmAhmUhmAhmSmackPásSmackUhmSmackSmackUhmAhm
VuiiiiiiiiiiiiiiiichAhmAhmAhmUhmAhmPchhhhhAhm Ahm Uhm Ahm

Lâmina #5 Filosofia na alcova