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13 abril 2009

Sub-vida #12 Sondagem sobre as prioridades do primeiro-ministro recém-eleito


Sondagem promovida pelo Ministério da Cidadania Activa e pela Sondex, SA, realizada entre os dias tal e tal, a visitantes do Centro Comercial Central escolhidos ao acaso.

Que animal doméstico deve o primeiro-ministro ter na sua residência oficial?
Lontra – 27%
Orangotango – 18%
Pelicano – 17%
Furão – 33%
Ns/Nr – 5%

O primeiro-ministro deve aceitar ser filmado por câmaras televisivas quando fizer amor com a esposa?
Sim – 42%
Sim, só no início – 7%
Sim, sem exposição dos órgãos genitais – 14%
Não – 28%
Ns/Nr – 9%

Quantas vezes por mês deve o primeiro-ministro cortar as unhas dos pés?
Uma – 15%
Duas – 37%
Três – 34%
Quatro – 10%
Ns/Nr – 4%

De que cor deve ser a maçaneta da porta do gabinete do primeiro-ministro?
Amarela – 53%
Lilás – 11%
Castanha – 26%
Branca – 8%
Ns/Nr – 2%

Quantas vezes por dia deve o primeiro-ministro contar até dez?
Uma – 9%
Sete – 45%
Treze – 21%
Vinte e sete – 20%
Ns/Nr – 5%

29 março 2008

Sub-vida #11 Entrevista a um marxista-leninista que preferiu manter o anonimato


Como define o marxismo-leninismo?

Trata-me por tu, pá. Nós, no nosso Partido, tratamo-nos assim.


Ok, como defines o marxismo-leninismo?

Nós, nos estatutos do nosso Partido, definimos o marxismo-leninismo como a base ideológica do nosso Partido. Já agora, marxismo-leninismo, assim como marxista-leninista, levam sempre um hífen. Antes de publicares a entrevista, teremos que ver a versão final para confirmar que não te esqueceste do hífen. Nessa altura, também não nos esqueceremos de cortar a palavra Ok que colocaste na tua pergunta. Podes enviar a entrevista para a sede do nosso Partido, ao cuidado do Secretariado do Comité Central.


Alguns autores definem o actual estado da globalização capitalista como império e não como imperialismo. Como te posicionas relativamente a essa polémica?

Qual polémica? A comunicação social dominante, controlada pelo grande capital, gosta de alimentar polémicas estéreis para dividir o nosso Partido, mas nós sabemos bem defender-nos. Basta ler o relatório do último Congresso do nosso Partido, aprovado por 99,9786 %, para ver que não há polémica alguma. Já leste esse relatório, pá?


Já...

Tenho as minhas dúvidas... Em todo o caso, se leste, saberás que essa pergunta é um absurdo.


Achas o centralismo democrático uma forma de funcionamento adequada às actuais condições da luta?

Nós, nos estatutos do nosso Partido, definimos o centralismo democrático como a forma de funcionamento do nosso Partido. Para evitar mais perguntas básicas como essa, digo já que nós, nos estatutos do nosso Partido, nos definimos como a vanguarda da classe operária e que nós, no Programa do nosso Partido, assumimos a defesa dos interesses não só da classe operária, mas também de todos os trabalhadores, do campesinato laborioso, dos intelectuais progressistas, dos pequenos e médios empresários, dos reformados, das mulheres, dos jovens... Não me recordo se as designações destas classes e camadas sociais devem escrever-se com letra maiúscula ou não, mas não te preocupes, vou verificar e depois digo-te.


Como comentas as críticas de muitas pessoas que se reclamam de uma perspectiva revolucionária sobre o chamado «socialismo real»?

Não comento. Digo apenas que são lacaios ao serviço do grande capital e do imperialismo.


Sendo que Marx e Lenine definiam o comunismo como uma sociedade de produtores livres associados, sem hierarquias nem fronteiras, como explicas a vossa defesa intransigente do Estado e da soberania nacional?

Já leste o Programa do nosso Partido, pá?


Já...

Tenho as minhas dúvidas... Em todo o caso, se leste, saberás que essa pergunta é um absurdo.


Enquanto militante de um Partido marxista-leninista, sentes-te inteiramente livre para exprimir as tuas opiniões em quaisquer circunstâncias?

Nem vale a pena responder, esta entrevista fala por si.

12 janeiro 2008

Sub-vida #10 Entrevista com um segurança privado do Centro Comercial Central, após detenção de suspeito de actividades terroristas



Pode contar-nos como tudo se passou?
Sim. Eram 9h. O dia começava como habitual. As lojas estavam a abrir e os primeiros clientes iam chegando. Eu, que hoje estava de turno aos Wcs, vi um indivíduo de pele um pouco escura, com barba, entrar no lavabo dos homens. Como achei estranho aquele comportamento, fiquei atento. Como, passados 10 minutos, o indivíduo não saía, resolvi alertar a central da segurança e entrei no WC.

E depois?
Não vi ninguém. Espreitei por baixo das portas dos sanitários e percebi que o suspeito se encontrava num deles. Bati à porta e exigi que abrisse imediatamente. Como não obtive resposta e, entretanto, haviam chegado os meus colegas, arrombámos de imediato a porta.

Era o indivíduo de pele um pouco escura, com barba, que lá estava?
Era. Estava deitado no chão a fingir-se de morto. Conseguiu, inclusivamente, suster a respiração, arrefecer a temperatura do corpo e manter os olhos abertos sem piscar... Vimos logo que se tratava de uma manobra de diversão e abanámo-lo vigorosamente. Mesmo assim não reagiu. Era, claramente, um profissional. Eu já tinha ouvido dizer que estas pessoas se treinam para isto desde a infância, lá na terra deles.

O que aconteceu a seguir?
Não mexemos mais no indivíduo e démos uma ordem interna para que se evacuasse o edifício e se encerrasse as portas até novas indicações. Chamámos a polícia, que entretanto chegou e levou o homem.

08 outubro 2007

Sub-vida #9 Entrevista com o vencedor do concurso televisivo «Cantar na Nossa Língua»



E agora, como é que vai ser a sua vida a partir de hoje?
Ainda não sei. Sinto que trabalhei muito e penso que, embora possa parecer injusto para com os meus colegas concorrentes, mereci esta vitória. Agora que o público já conhece o meu valor, quero gravar o meu disco e construir a minha carreira.

Acha que esta espécie de concursos televisivos estimula mais pessoas a ouvir e fazer música?
Sim. Sinto que trabalhei muito e penso que, embora possa parecer injusto para com os meus colegas concorrentes, mereci esta vitória. Este concurso demonstra que a TVN (Televisão Nacional) está empenhada na promoção da cultura entre a nossa juventude e o nosso povo. Se não fosse o «Cantar na Nossa Língua», nuca teria tido a hipótese de ser famoso nem de construir uma carreira de cantor.

Pensa que o facto de o concurso ter aceite apenas canções cantadas na nossa língua, o limitou de alguma maneira?
Não. Sinto que trabalhei muito e penso que, embora possa parecer injusto para com os meus colegas concorrentes, mereci esta vitória. A nossa língua é um dos traços principais da nossa cultura. Há que fazer todo o esforço para preservá-la e para combater a tendência em voga entre muitos artistas nacionais de cantar em línguas estrangeiras. A nossa cultura e a nossa identidade nacional são o que de mais importante temos.

No seu disco vai cantar canções originais ou vai continuar, como no concurso, a preferir versões de temas conhecidos?
Para já vou continuar com as versões. Sinto que trabalhei muito e penso que, embora possa parecer injusto para com os meus colegas concorrentes, mereci esta vitória. A fórmula até agora resultou e não vale a pena arriscar. Talvez um dia, quando a minha carreira já for sólida, eu pense em trabalhar canções originais.

05 setembro 2007

Sub-vida #8 Discurso do Ministro da Manutenção dos Costumes na apresentação do novo Kit Vida Saudável


Sras. e Srs.

É com muita honra e satisfação que aqui apresento, em nome do Governo, o mais recente resultado de uma frutuosa parceria público-privada, que, durante a presente legislatura tem envolvido técnicos e especialistas do Ministério da Manutenção dos Costumes e de diversas empresas que, desde o início, se associaram ao projecto, mostrando que a sociedade civil está empenhada na defesa da preservação dos valores do nosso povo e da nossa nação. Trata-se, como é sabido, do Projecto Acredita e Verás, que tem procurado reflectir sobre os problemas com que a nossa juventude está hoje confrontada e apresentar propostas, criar mecanismos, em suma, agir.
No mundo globalizado em que vivemos, não são poucos os cantos de sereia que atraem a nossa juventude e que exigem de nós uma resposta firme: o consumo de drogas, álcool, tabaco e chocolate, a banalização do sexo, a relativização dos valores, a laicização da vida, a preguiça, o desprezo pela história e os símbolos nacionais e muitos outros. São estes os problemas do nosso tempo. São também os nossos desafios e pretendemos encará-los de frente.
É por isso que, com uma imensa alegria, aqui apresentamos o novo Kit Vida Saudável, que, a partir de hoje, disponibilizará aos nossos jovens compatriotas um conjunto de úteis instrumentos que, estou seguro, contribuirão para infundir nas suas consciências os valores que contam. Integram o Kit Vida Saudável, entre outros, os seguintes objectos: um aparelho de TV portátil, um hamster, um livro de cheques, um uniforme militar, uma caixa de toalhetes perfumados, um boletim de voto, um terço, duas alianças de casamento, um hambúrguer, um carro de linhas, um despertador digital, uma testa para beijar, um saco com tampas de plástico, um CD com o hino nacional, uma cegonha, um polícia de bigode, um livro branco, um muro preto, uma agenda, uma mão para receber esmolas, uma caixa de pastilhas e um horário a cumprir. Os Kits estarão disponíveis em qualquer supermercado, a partir de amanhã.
Os nossos jovens são a promessa da pátria. Ganhemos hoje o presente, para termos futuro amanhã.
Muito obrigado.

22 agosto 2007

Sub-vida #7 Entrevista ao primeiro comprador mundial do mais recente espremedor de limões digital



Estes dois dias de espera à porta do hipermercado valeram a pena?
Sem dúvida. Desde que foi anunciado o lançamento do LEMON EXP DIGI 23, eu mal pude aguentar tanta ansiedade. O LEMON EXP DIGI 22 era muito bom, mas já não tinha pedalada… Para além disso, este é mais fácil de transportar e, assim, posso levá-lo para qualquer lado.

Como conseguiu aguentar aqui dois dias seguidos?
Quem corre por gosto não cansa… Tirei dois dias de férias e montei a minha tenda electrónica aqui à porta, para ser o primeiro.

Era assim tão importante para si ser o primeiro?
Como já disse, a ansiedade era muita. A minha vida começa hoje a fazer um novo sentido. Ser o primeiro dá-me a sensação de dever cumprido.

Por que razão comprou quatro equipamentos?
Um é para mim, outro é para os meus pais, outro é para oferecer à minha mulher e outro é para ficar de reserva, para o caso do primeiro se avariar.

Vai já hoje começar a utilizar o equipamento?
Assim que chegar a casa. Tenho que experimentar todas as funcionalidades, para poder tirar o máximo de proveito.

Como descreve o que sente neste momento?
Uma imensa alegria. Só me lembro de ter sentido algo semelhante quando nasceu o meu filho. Agora desculpe mas tenho que ir andando. Não vejo a hora de chegar a casa.

15 agosto 2007

Sub-vida #6 Conversa entre um mestre-de-obras e um trabalhador imigrante clandestino


Mestre-de-obras – Então, procuras trabalho?
Trabalhador imigrante clandestino – Sim Sr.
M. O. – Há quanto tempo estás cá?
T. I. C. – Há 3 anos, mais ou menos.
M. O. – Tens papéis?
T. I. C. – Ainda não consegui.
M. O. – Óptimo. O que é que sabes fazer?
T. I. C. – No meu país era médico pediatra, mas como ainda não consegui legalizar-me, não…
M. O. – Certo, certo… e cá, o que é que já fizeste?
T. I. C. – Trabalhei sempre em obras, como servente de pedreiro.
M. O. – Muito bem. O trabalho que tenho para ti é numa obra numa cidade a 130 KM daqui. Partiremos amanhã, às 4h30 da manhã, em transporte da empresa. A duração prevista da obra é de 6 meses. O trabalho começa todos os dias às 6h30, termina às 20h00 e interrompe das 13h00 às 14h00 para almoço. Comes e dormes na obra, no local que te será indicado. Receberás por dia de trabalho um valor, de que será informado amanhã, do qual será descontado o montante referente ao transporte, alimentação e alojamento. Aceitas?
T. I. C. – Sim, Sr.
M. O. – Nesse caso, já sabes, amanhã tens que estar aqui às 4h30. Mais uma coisa, se, durante o período da obra, houver alguma acção de fiscalização em que te perguntem se tens papéis, ficas em silêncio como se não entendesses. Se nos perguntarem, dizemos que toda a papelada referente ao pessoal está nos escritórios da empresa na capital. Nesse momento, se não fores detido, deverás abandonar, imediatamente, a obra e ficas por tua conta. Entendido?
T. I. C. – Sim, Sr.
M. O. – Óptimo.
T. I. C. – Já agora, Sr., estou a tentar trazer a minha mulher e os meus 2 filhos para cá. Se eles chegarem, podem ficar comigo no alojamento da obra?
M. O. – Podem, mas, nesse caso, teremos que descontar mais dinheiro para o alojamento deles. Ok?
T. I. C. – Sim, Sr. Obrigado.
M. O. – Então, até amanhã.
T. I. C. – Até amanhã, Sr.

27 julho 2007

Sub-vida #5 Operação Stop


Acesso da Auto-Estrada à entrada da cidade. Domingo, 9h30. Uma operação stop detém a marcha a um automobilista.

Polícia – Bom dia.

Automobilista – Bom dia, Sr. Agente.

P. – Os seus documentos e os documentos da viatura.

A. – Aqui estão.

P. – Tem consciência do que fez para que o mandássemos parar?

A. – Não, Sr. Agente.

P. – Percorreu 2 Km da Auto-Estrada a uma velocidade média de 125 Km/h, quando o máximo permitido é de 120 Km/h.

A. – Peço desculpa, mas não reparei. Penso, em todo o caso, que não se trata de uma falta assim tão…

P. – As desculpas não se pedem, evitam-se. O seu comportamento foi totalmente inaceitável à luz da Lei e da ética automobilística. Fica a saber que incorre numa multa de 600,00 ???* e que vou, de imediato, redigir o auto.

A. – Mas, Sr. Agente, peço-lhe por tudo que perdoe a minha postura altamente reprovável… Esse valor corresponde a 120% do meu ordenado… Por favor, peço-lhe, não me desgrace a vida.

P. – E não teria sido melhor ter pensado nisso antes de adoptar um comportamento assassino ao volante de um automóvel?

A. – É verdade que sim, mas…

P. – … mas…?

A. – … mas prometo-lhe por tudo que não voltará a acontecer. Dou-lhe a minha palavra de honra.

P. – E o que é que poderá levar-me a acreditar no que diz?

A. – Sou um cidadão exemplar e pacato. Trabalho, tenho família, pago os meus impostos, vejo televisão, frequento o centro comercial, vou à missa e educo os meus filhos no mais rigoroso espírito cristão. Sou um homem recto e honrado.

P. – Muito bem, vou então fechar os olhos desta vez, mas terá que assinar um documento em que assume o seu repugnante comportamento anti-social e solicita que o Estado, por meu intermédio, seja condescendente consigo. (estende o documento)

A. – Concerteza, Sr. Agente, concerteza. (assina o documento) Aqui está, Sr. Agente.

P. – Pode seguir, mas lembre-se do que me prometeu, porque estaremos de olho em si.

A. – Pode ficar descansado, Sr. Agente. Agradeço-lhe do fundo do coração.

P. – Bom dia.

A. – Bom dia.


* Para não afectar a estabilidade dos mercados cambiais, ocultou-se a unidade monetária em questão.

16 julho 2007

Sub-vida #4 Briefing semanal com funcionários da Sondex, SA


Sala cheia. Várias pessoas em pé, por falta de lugar sentado. Apenas o Responsável de Equipa tem direito a usar da palavra.
Bom dia a todos. Durante a semana que passou, ficámos a 2,5% de atingir os nossos objectivos semanais. Como sabem, cada um de vós deve conseguir fazer 15 contactos telefónicos bem sucedidos por hora e tal não aconteceu. Analisando as vossas folhas comportamentais, facilmente compreendemos as razões do sucedido. Apresento-vos alguns dados dessa análise, para que reflictam sobre o vosso desempenho:
1 – Em média, chegaram 3 minutos atrasados;
2 – A média da pausa horária foi de 5.37 minutos, quando não pode ultrapassar os 5 minutos;
3 – A duração média dos contactos telefónicos bem sucedidos foi de 3.22 minutos, quando não pode ultrapassar os 3 minutos;
4 – As trocas de turno, que tão benevolentemente temos permitido, levaram a que nos 2 últimos domingos estivessem, no máximo, apenas 12 pessoas a trabalhar;
5 – Por má utilização dos equipamentos, houve, em média, 13 minutos por dia de interrupção do trabalho.
Estes números falam por si. Espero que façam um esforço para entender que esta situação não poderá mais ocorrer. Assim, e de forma a evitar que estes resultados se repitam, vimo-nos forçados a rever os objectivos para esta semana e a definir regras de compensação do mau desempenho durante a última semana:
1 – O objectivo para esta semana sobe para 17 contactos bem sucedidos por hora;
2 – Todos terão que começar 4 minutos mais cedo do que o horário habitual;
3 – As pausas horárias serão apenas de 4.15 minutos;
4 – A duração dos contactos bem sucedidos não poderá ultrapassar os 2.50 minutos;
5 – Ficam proibidas quaisquer trocas de turno;
6 – Cada interrupção de trabalho por má utilização dos equipamentos será descontada nos vossos salários.
Se, mesmo assim, não atingirmos os objectivos nesta semana, ver-nos-emos forçados a reduzir o pessoal, de acordo com uma ponderação do comportamento individual.Espero que tenha sido claro. Dou por terminada esta reunião e desejo-vos um bom trabalho.

24 junho 2007

Sub-vida #3 Entrevista a uma candidata a Assistente de Call Center na All You Need Is Work, SA


Como teve conhecimento da nossa empresa?
Tratando-se de uma das maiores empresa de trabalho temporário, conheço-a já há bastante tempo. O meu marido, que trabalha convosco há 3 anos, disse-me que tinham aberto vagas para Assistentes de Call Center e eu, como estou desempregada e achei que seria uma excelente oportunidade de valorização pessoal e profissional, resolvi concorrer.
Descreva-me a sua experiência profissional.
Como referi anteriormente, neste momento estou desempregada. Depois de terminar a licenciatura em Engenharia Aeroespacial, trabalhei cerca de 1 ano na empresa de sondagens Sondex e estive 1 ano e meio na cadeia de restaurantes McMickey’s.
Vejo no seu Curriculum Vitae que tem 2 filhos. O nosso cliente que a contratará, caso seja apurada, é muitíssimo exigente no que diz respeito à pontualidade a à assiduidade. Acha que é capaz de conciliar o seu papel de mãe e esposa com as suas obrigações profissionais?
Compreendo a sua preocupação, mas posso assegurar-lhe que não haverá qualquer problema. Os meus filhos e o meu marido são tudo o que mais amo no mundo, mas, para mim, o trabalho está sempre em primeiro lugar.
Se, por acaso, for seleccionada, passará por um período de 20 dias de formação, que culminará com uma prova de avaliação, que, por sua vez, determinará se será ou não contratada. Esse período não é remunerado. Acha que tem condições para permanecer durante essa fase sem qualquer remuneração?
O dinheiro sendo importante, não é o que mais conta. Quero, sobretudo, pôr à prova as minhas capacidades e evitar, na medida do possível, ter que ocupar os meus dias em funções rotineiras e pouco estimulantes.
Diga-me, numa frase, por que deverei seleccioná-la a si em detrimento de outra candidata.
Sou uma pessoa séria, cumpridora dos meus deveres, persistente quando o que está em causa é atingir objectivos e adoro comunicar.

02 junho 2007

Sub-vida #2 Sondagem sobre hábitos quotidianos



Sondagem promovida pelo Ministério da Manutenção dos Costumes e pela Sondex, SA, realizada entre os dias tal e tal, a visitantes do Centro Comercial Central escolhidos ao acaso.

Quantas vezes por dia conta até dez?
0 – 5%
Entre 1 e 5 – 22%
Entre 5 e 10 – 48%
Mais de 10 – 17%
Ns/Nr – 8%

Qual o pé que põe no chão em primeiro lugar quando se levanta da cama?
Esquerdo – 19%
Direito – 57%
Os dois – 10%
Ns/Nr – 14%

Quando vê um cão, pensa:
Nada – 4%
Olha, um cão – 68%
Ainda bem que não é uma lontra – 2%
Pedigree – 23%
Ns/Nr – 3%

Quantas canas de pesca existem?
Menos de 1.000.000 – 17%
Entre 1.000.000 e 10.000.000 – 56%
Mais de 10.000.000 – 19%
Ns/Nr – 8%

O que pensa deste tipo de sondagens?
São úteis e lúdicas – 45%
São só úteis – 26%
São só lúdicas – 28%
Ns/Nr – 1%

24 maio 2007

Sub-vida #1 Entrevista ao empregado do mês da McMickey’s


Como se sentiu ao saber que tinha sido escolhido empregado do mês?
Senti uma alegria imensa. Uma sensação de dever cumprido. Vale a pena o esforço que dedicamos a esta camisola, que tanto nos enche de orgulho, quando sabemos que, um dia, o reconhecimento chegará.

Como é o ambiente de trabalho na McMickey’s?
É excelente. Cada um tem a sua função e ninguém se atropela. A hierarquia funciona na perfeição: chefe manda, subordinado cumpre. No fundo, funcionamos como uma grande família. Também aí obedecemos aos mais velhos e esperamos que os mais novos nos obedeçam a nós. Aqui é igual. É simples e todos se dão bem. O trabalho é muito, mas a grandiosidade do nome desta casa faz com que se vençam todas as adversidades.

Descreva-nos o seu dia-a-dia.
Acordo todos os dias às 6h, excepto no dia da folga semanal, em que me levanto às 6h15. Deixo as crianças na escola às 7h, a esposa no emprego às 7h15 e rumo para a McMickey’s, onde chego cerca das 8h – na verdade, o meu horário de entrada é às 9h, mas prefiro evitar o stress de chegar muito em cima da hora. Trabalho até às 19h. Entre as 15h e as 16h, quando o movimento é um pouco mais fraco, tento que um colega me substitua por 5 ou 10 minutos para comer um hambúrguer. Às 20h15 chego a casa e, enquanto a minha esposa trata das crianças, vejo um pouco de televisão. Às 21h30 jantamos e, enquanto a minha esposa arruma a cozinha, vejo um pouco de televisão até adormecer. No dia da folga semanal vejo televisão, vou ao centro comercial, lavo o carro ou vou ao futebol.

Pensa vir a mudar de vida?
Para já sinto-me bem como estou. Talvez quando terminar de pagar o carro e a playstation pense em meter-me num plasma. Se isso vier acontecer, sou capaz de tentar arranjar umas horas extra no dia da folga semanal. Isto tudo, claro, se a McMickey’s não tiver, entretanto, necessidade de fazer um donwsizing.