27 julho 2007

Sub-vida #5 Operação Stop


Acesso da Auto-Estrada à entrada da cidade. Domingo, 9h30. Uma operação stop detém a marcha a um automobilista.

Polícia – Bom dia.

Automobilista – Bom dia, Sr. Agente.

P. – Os seus documentos e os documentos da viatura.

A. – Aqui estão.

P. – Tem consciência do que fez para que o mandássemos parar?

A. – Não, Sr. Agente.

P. – Percorreu 2 Km da Auto-Estrada a uma velocidade média de 125 Km/h, quando o máximo permitido é de 120 Km/h.

A. – Peço desculpa, mas não reparei. Penso, em todo o caso, que não se trata de uma falta assim tão…

P. – As desculpas não se pedem, evitam-se. O seu comportamento foi totalmente inaceitável à luz da Lei e da ética automobilística. Fica a saber que incorre numa multa de 600,00 ???* e que vou, de imediato, redigir o auto.

A. – Mas, Sr. Agente, peço-lhe por tudo que perdoe a minha postura altamente reprovável… Esse valor corresponde a 120% do meu ordenado… Por favor, peço-lhe, não me desgrace a vida.

P. – E não teria sido melhor ter pensado nisso antes de adoptar um comportamento assassino ao volante de um automóvel?

A. – É verdade que sim, mas…

P. – … mas…?

A. – … mas prometo-lhe por tudo que não voltará a acontecer. Dou-lhe a minha palavra de honra.

P. – E o que é que poderá levar-me a acreditar no que diz?

A. – Sou um cidadão exemplar e pacato. Trabalho, tenho família, pago os meus impostos, vejo televisão, frequento o centro comercial, vou à missa e educo os meus filhos no mais rigoroso espírito cristão. Sou um homem recto e honrado.

P. – Muito bem, vou então fechar os olhos desta vez, mas terá que assinar um documento em que assume o seu repugnante comportamento anti-social e solicita que o Estado, por meu intermédio, seja condescendente consigo. (estende o documento)

A. – Concerteza, Sr. Agente, concerteza. (assina o documento) Aqui está, Sr. Agente.

P. – Pode seguir, mas lembre-se do que me prometeu, porque estaremos de olho em si.

A. – Pode ficar descansado, Sr. Agente. Agradeço-lhe do fundo do coração.

P. – Bom dia.

A. – Bom dia.


* Para não afectar a estabilidade dos mercados cambiais, ocultou-se a unidade monetária em questão.

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