16 setembro 2007

Desconstrução #9 Se ao menos…


O olhar, prudente, num ponto fixo do vidro. Os depósitos de gente a andar para trás, a surgir primeiro de frente, depois de lado, depois nada, depois outro a surgir, primeiro de frente, depois de lado, depois nada. Sempre. Os tapetes voadores, com os vidros vaporizados, vão-lhes na peugada, a espaços. As luzes, três a três, cada uma à vez, definem, uniformizam. Os traços brancos e pretos, que os traços brancos sobre o fundo preto produzem traços pretos, são o trono, o supremo poder que humilha. Se ao menos ninguém visse…

Quanto ao resto, não há enganos possíveis: as mais das vezes imaginar que se morre, entrar, trocar, deixar de se ser; uma parte das vezes que sobram desejar, entrar, trocar, parecer que se é; a outra parte das vezes que sobram sentar, fixar, trocar, imaginar que se é. Se ao menos as pilhas falhassem…

Para trás fica o andar pesaroso da estratégia sindical, feita desfile alegórico, preenchendo o baixo relevo do cimento armado, tornando-o liso, logo lógico. Se ao menos a erva não crescesse selvagem…

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