23 setembro 2007

Teses sobre o imprevisível


1 – Toda a história é a história da construção do imprevisível.

2 – O primeiro átomo do imprevisível é a desconstrução da aparência, ou seja, a descodificação do previsível. Este é o terreno da tecla shift, do desvio-padrão, onde a força é fragilidade em acto e a massa é acidez em potência. Os estabilizadores de energia nada podem contra o curto-circuito.

3 – O real é o código binário, a linguagem-máquina a rodar em loops caleidoscópicos. A aparência é o real tornado interface intuitivo; é a simplificação complexa tornada complexidade simplificada, ou, mais simplesmente, cultura dominante.

4 – A derrota histórica dos projectos de superação do previsível acontece no preciso momento em que colocam como hipótese a transição para um novo sistema operativo programado em código fechado. O reboot, porventura imprevisível acto fundador, completa-se rapidamente, retomando o ciclo virtuoso do tédio e da violência, ou, mais simplesmente, da cultura dominante.

5 – Mais do que a invasão do palco, o princípio do fim do previsível é a destruição da plateia. O amontoado caótico das cadeiras, retira sentido ao palco; transforma-o num decadente cemitério de tribunas, ceptros e panteões. Pode, então, fechar-se a cortina de ferro e a vida verdadeiramente vivida começar.

NM#NG#RM

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